Aqui Já é Sertão: a loja de não vender nada!
- Mallê
- 10 de jan. de 2017
- 2 min de leitura
Naquela manhã quente, ainda não sabíamos nada da cidade além da existência da Gruta do Maquiné, nosso principal motivo pra estar ali. Havíamos chegado à noite, e tudo o que havíamos feito foi procurar por um lugar seguro para montar a barraca e dormir. Mesmo assim, no escuro, aquela placa me chamou a atenção. Pela manhã, eu descobriria do que se tratava.
Amanheceu o dia, tomamos café com o restante das coisas que estavam em nossas mochilas, desmontamos a barraca, e fomos conhecer a cidade. Aquela placa, mais uma vez, me chamou a atenção: Aqui Já é Sertão. E sob aquelas palavras, a porta começou a se abrir.
Fui chegando de mansinho, e quando coloquei meus olhos lá dentro, foi uma sensação... louca! Ali eu entendi de uma forma atordoante o que significava amor à primeira vista. Eu não conseguia entender o que era aquele lugar. Loja? Museu? Bazar? Exposição? Mas tudo o que eu sentia era amor. Pra cada objeto que eu olhasse, um suspiro maior que o outro!



Fotos: Mallê
Lá de dentro veio ele. A princípio sério. "Posso ajudar?", disse. Tudo o que eu consegui dizer foi: "o que é esse lugar, moço?". Eu vi as linhas do seu rosto de transformarem lentamente, curvando-se em sorriso, num instante. Ele me olhava como quem quisesse me dar os últimos segundos de dúvida, uma última chance de adivinhar, antes que ele me dissesse qualquer coisa. " Gosto de chamar de loja de não vender nada". Assim definiu, me oferecendo um pouco mais de suspense, uma chance pra deduzir. Ele ainda sorria...

Brasinha | Foto: Mallê
Brasinha é um homem desses com a calma na voz. Olhar terno. Gestos desapressados, tranquilos. Estava bem claro que todo o amor que havia brotado em mim tão de repente, já o havia consumido completamente! Era só o que eu via enquanto ele parecia admirar incansavelmente o lugar que ele mesmo construiu. Apesar de estar ali todos os dias, parecia se apaixonar de novo a cada olhar.
Eu tive o prazer e a honra de ouvir a história no tom da boa prosa mineira, que ficou registrada como uma das mais lindas lembranças que eu vivi na estrada!
Jamais saberia escrever ou descrever à altura. Então deixei que ele mesmo contasse...
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