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Um Pedido Inusitado

  • Mallê
  • 9 de ago. de 2016
  • 3 min de leitura

Estávamos em duas pessoas: eu e Priscila. Saímos de Diamantina/MG e seguiríamos até nosso próximo destino, a cidade de Cordisburgo/MG. Deixamos a casa de nosso host por volta de 13h. Ele nos indicou pedir carona em frente ao Posto Real D'ávila, na BR-367. A caminhada até lá foi longa, com o sol quente e as mochilas pesadas. Mas tão logo chegamos, em menos de 5 minutos, um carro parou.

Primeiro ponto de carona do dia: Posto Real D'ávila, na saída de Diamantina/MG, na BR-367.

O motorista iria para sua cidade, Presidente Kubitschek/MG, e nos levaria até o Trevo de Datas/MG, pois dali seguiríamos rumos diferentes. Chegamos rapidinho, 20 minutos. Ali, já estávamos na BR-259. Duas mulheres vendiam morangos. Quase não passavam carros. Os poucos que passavam, contornavam a rotatória e seguiam para o outro trecho. Até que um casal que vinha de Serro/MG tomou nossa direção. Iriam até Curvelo/MG, a 100 km de onde estávamos. Ganhamos outra carona! Apesar do pouco fluxo de carros, não ficamos mais do que 15 minutos esperando.

Depois de uma hora, nos deixaram no ponto onde desviariam. Nos desejaram sorte. Agradecemos. Seguimos. Fizemos uma pausa para ir ao banheiro e tentar localizar o melhor ponto para a próxima carona. As mochilas pareciam mais pesadas, mas era mesmo o sol que estava de arder!

Caminhamos por 2 km até chegar em frente a um posto de gasolina mais à frente. Passaram alguns caminhões até que um deles parou. Este seguiria até Belo Horizonte/MG, e topou nos levar até o ponto da BR-040 onde pegaríamos outra estrada até nosso destino.

À bordo da terceira carona do dia.

Estávamos cansadas. Vez ou outra, ele fazia algumas perguntas, puxava assunto, dizia que vida de caminhoneiro era muito solitária, quase nunca tinha com quem conversar. Era um moço simpático, com seus trinta e poucos anos. Falamos sobre algumas coisas, mas o assunto acabava logo.

O sol estava quente. A andança foi boa... Quando ele ligou o ar condicionado, foi o céu! Deu até pra animar a conversar mais um pouquinho.

Já estávamos há algum tempo no caminhão com ele. Pri no banco do carona, e eu sentada entre ela e o motorista. Apesar de ser quase a mesma distância que percorremos no carro anterior, dessa vez demoraria bem mais, já que não podíamos passar de 80km/h. Naquele momento, já estávamos todos mais descontraídos. E nesse momento, ele resolveu me fazer um "pedido".

Pegou o celular, desbloqueou, estendeu até mim já perguntando algo com aquele vozeirão. Eu, que estava distraída olhando para a estrada, fui surpreendida já com a tela do celular dele bem na minha frente. Ele olhava sério pra mim, que não havia entendido nada! A Pri também me olhava nessa hora. Me desculpei e pedi que ele repetisse. Olhou para a estrada, voltou a me olhar, e disse: "Você sabe alimentar esse bicho?"

Foi nessa hora que eu olhei pro celular e vi que se tratava do Pou!

Eh, minha gente! Ele me pediu pra tratar do Pou no celular dele enquanto dirigia! "É que eu tenho uma filha pequena que gosta, e ela me pede pra cuidar disso quando estou viajando. Ele está fazendo barulho a tarde toda, com fome. Mas nem eu tive tempo de almoçar hoje! Descarreguei o caminhão e já voltei pra trás. Fiz só um lanche. Você sabe tratar dele? Pode dar comida ele pra mim?"

Aquele foi o pedido mais inusitado que recebi de um carona! Nada demais, eu sei... Mas até entender a situação... Rimos muito! "Toma: alimentado, limpo, e dormindo!", disse a ele devolvendo o celular. "Ahh, mas você é uma babá muito eficiente!".

Chegamos até o posto onde ele nos deixaria... "Têm certeza que não querem aproveitar e ir pra casa? Estou indo até BH. Levo vocês...". Mas ainda queríamos aproveitar nossos últimos dias de folga. Nos despedimos e ele foi ver a filha, que deve ter ficado feliz em ver que o papai cuidou bem do Pou enquanto esteve fora!

 
 
 

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