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Foi a Última Vez!

  • Mallê
  • 3 de mai. de 2016
  • 2 min de leitura

Há dois anos atrás, num final de semana sem muito o que fazer, mas com céu aberto, extremamente azul e convidativo, decidimos fazer um passeio dentro da cidade mesmo. O destino escolhido foi o Jardim Zoológico de Belo Horizonte. Pegamos o ônibus na Avenida Bias Fortes, esquina com a Rua Goitacazes. Quase uma hora de "viagem". Haviam inúmeras crianças, muito empolgadas e falantes, perguntando a cada semáforo ou parada se já havia chegado!

Enfim, descemos. Quase na porta. Vendedores ambulantes aos montes oferecendo água, chapeuzinho de bichinho, balões e tudo mais que pudesse atrair a atenção dos pequenos. Alcançamos, enfim, a entrada!

Logo depois do longo caminho entre as árvores, no primeiro cercado à direita, os elefantes. Minha eterna paixão! Estavam o mais afastado que podiam do espaço onde os visitantes paravam. Pareciam irritados, a julgar pela tentativa de jogar terra onde estávamos, mesmo de tão longe.

No cercado seguinte, estava um rinoceronte que, embora bem pertinho, bem embaixo do nariz de quem passasse, não atraía muito os olhares. Parei pra observá-lo, e depois disso senti um nó no peito. Completamente prostrado, com os olhos cheios de secreção. Dali pra frente, um sentimento ruim me acompanhou...

Havia um grande e eufórico movimento próximo ao leão e aos gorilas. Não demorou pra entender o que se passava: os animais mostravam sua ira, e as pessoas se deliciavam com aquilo!

O rugir do leão estremecia a grade! Quanto mais alto, mais as pessoas gritavam! De certo, ele sentia seu espaço invadido, e a frustração de não ter onde se esconder da multidão. Logo se cansou. Desistiu. E, deitado, olhava sem rumo... pois era como de fato ele estava.

O gorila, de pé, batendo no peito como nos filmes, tentava em vão amedrontar a todos, o que só fazia aglomerar mais e mais gente. Vendo que de nada adiantaria, fez apenas um gesto, impedindo que as fêmeas (ambas prenhas) saíssem de trás de uma pedra. Instinto? Nunca vi algo tão racional. E ele, com seu tamanho todo, usou dos únicos ramos de bambu que encontrou pra se "esconder".

Fui embora pensativa. Era o circo de horrores, financiado inclusive com o dinheiro que deixei na portaria para entrar. Naquele momento, me fiz a promessa de que nunca mais voltaria.

Foi a última vez...

 
 
 

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