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Bairro Barro Preto - A História

  • Mallê
  • 25 de fev. de 2014
  • 3 min de leitura

Barro Preto

Cheguei em Belo Horizonte de madrugada. Quando o dia amanheceu, tudo era notavelmente muito diferente das outras vezes em que estive na cidade. Passaria a chamar de casa! Receio. O desconhecido tomava forma nos prédios que pareciam nos engolir enquanto andávamos pelas ruas...

Barro Preto

Os lugares mais próximos de casa ganham meus primeiros olhares, meus primeiros passos. Assim começo a explorar a Capital. Embora esteja nas imediações do centro da cidade, é um lugar bem mais tranquilo. O Centro nunca dorme, mas o Barro Preto as vezes tira um cochilo.

Localizado entre os bairros Prado, Santo Agostinho e Centro, é delimitado pelas avenidas Amazonas, Contorno e Bias Fortes. Aqui tem um pouco de tudo: desde bares, restaurantes, até o 12º Batalhão da Infantaria do Exército!


A História do Bairro


Considerado um dos bairros mais tradicionais de Belo Horizonte, o Barro Preto, localizado na região centro-sul, foi colonizado por imigrantes italianos, no início do século XX. Isso explica, por exemplo, o fato do Cruzeiro Esporte Clube (cujo nome original era Palestra Itália) ter sido instalado na região. Segundo contam, o nome do bairro se deve à existência de uma argila escura e viscosa largamente encntrada na região e também ao solo pantanoso onde o mesmo foi construído.

Créditos da imagem na foto.

Nas duas primeiras décadas do século XX, os bairros Barro Preto, Lourdes e Santo Agostinho tinham pouca ocupação. As casas que existiam ali eram chamadas cafuas, eram habitações pobres. Essas moradias precárias foram construídas à beira de dois córregos que passavam por ali, o Córrego do Leitão e o Córrego da Barroca. Seus moradores, pessoas que não tinham dinheiro para morar em bairros como o Centro e o Funcionários, construiam suas próprias habitações e se utilizavam dos córregos para conseguir água. Ali viviam muitos operários.

Cafuas

Com a intenção de retirar essas pessoas das cafuas nas margens dos córregos, a prefeitura criou, em 1909, o Bairro Operário (atual Barro Preto). Para lá eram enviadas as pessoas despejadas das beiras dos córregos do Leitão e da Barroca. Na década de 1930, quando o bairro foi transformado em zona industrial, muitos dos operários que antes ali viviam, já haviam sido deslocados para bairros mais longe do centro. Apesar de inicialmente ocupado por moradores oriundos das classes trabalhadoras, que contribuíram para a construção da capital, o Barro Preto também se destacou por ser um dos mais turbulentos da cidade, reduto de bêbados, maus elementos e frequentadores de cortiço. Abrigava uma temível gangue de menores desordeiros, conhecidos como moleques do Barro Preto.

Durante 18 anos, a senhora Maria do Carmo Delgado, foi administradora de uma pensão no bairro. Os 7 quartos de sua casa abrigavam diversos estudantes do interior do Estado. Maria do Carmo e os filhos, Elfra e Fábio, tinham uma rotina simples no dia a dia, que incluía esperar a carroça entregadora de leite, brincar em um campinho improvisado na Avenida Bias Fortes, ir ao cinema gratuito trazido por caminhões da Prefeitura Municipal, e passeios na Praça Raul Soares.

Vista aérea Praça Raul Soares
Praça Raul Soares

"As ruas do bairro eram paralelepípedos e os postes elétricos ficavam no meio delas. Sofríamos muito com as enchentes. A Avenida Bias Fortes morria no Arrudas, onde tinha um matagal. Para a gente não existia outro lado da Contorno" - descreve Fábio.

"Na década de 70, com a chegada da verticalização, a paisagem foi se modificando, e as casas foram desaparecendo do cenário. O Edifício Sete Lagoas foi o primeiro do bairro, com mais de dez andares. Aqui também tinha o Elite, uma casa de danças barra pesada para a época", lembra Elfra.

O Barro Preto destaca-se no cenário urbanístico, como marco de pontos referenciais da capital: a Igreja de São Sebastião, construída em 1913; a Maternidade Odete Valadares; o Hospital Felício Rocho; o Fórum Lafayette, no Edifício Governador Milton Campos; e a Praça Raul Soares, centro geográfico da cidade, projetada pelo engenheiro Aarão Reis, em estilo paisagístico francês. O chamado "Pólo da Moda" é, na verdade, muito mais do que o título diz!

 
 
 

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