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A História de Capelinha

  • Mallê
  • 8 de jul. de 2014
  • 3 min de leitura

Havia um homem, Manoel Luiz Pego, mestiço de índio com português. Provavelmente de uma província conhecida como Minho, que era essencialmente agrícola.

Na região de Capelinha, naquela época, a expectativa de vida era de mais ou menos 80 anos. Dessa forma, calcula-se que ele tenha nascido por volta de 1730, e morrido em 1812, ano em que seus filhos repartiram entre si as terras do pai.

No atual município de Água Boa/MG (a 55km de Capelinha), há uma sub-região rural conhecida como "Córrego dos Pego", onde ainda estão muitos antecedentes seus, na contínua prática da lavoura de subsistência.

Naquela época, os índios Aranãs, assim como os Nacnanucs, Pojichás, Giporoques, entre outros, habitavam os sombrios vales dos rios Urupuca e Surubim (atualmente compreende parte dos municípios de Água Boa e Malacacheta/MG). Os Aranãs eram uma tribo do grupo dos Botocudos, e foram apontados como a "motivação" para o surgimento de Capelinha.

Os Botocudos viviam no litoral, e foram expulsos pelos Tupis, refugiando-se para o interior do país. Eram um grupo muito atrasado, extremamente feroz, sem organização política ou militar. Viviam em constantes guerras contra tribos inimigas, sendo considerados os exterminadores dos antigos Aimorés; e também contra os brancos invasores de suas terras.

Índios Botocudos e Seus Adornos

Os Aranãs, com a ferocidade do sangue Botocudo, expulsaram as tribos mais mansas do Urupuca e Surubim, e aí se estabeleceram.

Em 13 de maio de 1808, foi editada a Carta Régia que declarou guerra ofensiva aos Botocudos do Rio Doce. Mas esta só foi efetivamente praticada na estação seca de 1809. Januário Vieira Braga, Comandante da 5ª Divisão Militar do Distrito de Peçanha/MG, ocupou-se em 1808 com o recrutamento de soldados brancos e de índios de tribos inimigas dos Botocudos (Macunis, Malalis, Monoxós, Copoxós, Panhames e Maxacalis). As operações de guerra ofensiva iniciaram-se no período de seca e, à medida que os soldados da 5ª Divisão avançavam sobre as tribos botocudas do Rio Doce e proximidades do Mucuri, elas fugiam em direção a Minas Novas/MG. Em sua fuga, vingavam-se dos ataques dos soldados incendiando roças e paióis, matando fazendeiros e seus familiares.

Manoel Luiz Pego tinha a sede de sua fazenda no Córrego que atualmente tem seu sobrenome. A fazenda se estendia até o Córrego Areão (ao norte); divisava com Alto dos Bois (a leste), com terras de Domingos de Freitas Sampaio (a oeste), com matas dos rios Urupuca e Surubim (ao sul). A fazenda de Manoel Luiz Pego situava-se na rota de fuga dos índios Botocudos combatidos pela Divisão Militar de Peçanha.

Ao tomar conhecimento de que levas de índios Botocudos deslocavam-se em direção à sua propriedade, retirou-se com a família e parentes que moravam à sua volta, para a cabeceira do Córrego Areão. Aí era um bom local e seguro por ser uma região descampada e aberta, que os indígenas não frequentavam pela ausência de caça maior, pela grande incidência de raios solares e, sobretudo, pela dificuldade de se ocultarem para a tática das emboscadas aos brancos e tribos menores.

Córrego Areão

Tendo herdado as terras da cabeceira do Córrego Areão, Feliciano Luiz Pego, filho de Manoel Luiz Pego, doa, em 1812, um terreno para construção de uma capela dedicada a Nossa Senhora da Graça. Essa capelinha, inicialmente, tinha paredes de taipa (madeira revestida de barro) e seu teto era feito com folhas de coqueiro e capim. A capela não apenas satisfazia a índole religiosa de Feliciano e seus parentes, como também exorcisava o medo que sentiam dos índios, já que certificava a estes a existência de muitos brancos nas imediações a impor-lhes resistência.

Garantida a segurança na região, as pessoas começaram a comprar terras de Feliciano e a fixar residência nas imediações do Córrego Areão.

Nascia, assim, Capelinha de Nossa Senhora da Graça, nossa bela Capelinha!

Emancipou-se em 24 de fevereiro de 1913, comemorando 101 anos em 2014.


(Fonte: Livro "Capelinha de Nossa Senhora da Graça", José Carlos Machado)

 
 
 

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